quarta-feira, junho 18, 2003
Chove lá fora e eu só consigo levantar as 10:00 ... pergunta: onde eu vou ter essa vida boa???
terça-feira, junho 17, 2003
Enquanto lavava a louça, escutei uma batida na janela. Dei uma olhada, nada de mais. Deu pra entender depois o que tinha acontecido: um passarinho enfiou a testa no vidro.
O coitado estava no chão, meio atordoado. Fui pegar ele, pra que não ficasse no chão, pois viraria presa fácil, e não fez nada, só abriu o bico, como quem ia dar bicadas. Coloquei ele num galho de árvore e ainda fiquei um tempo batendo papo e acariciando (como que estivesse o acordando!). Fechou o bico e ficou menos ofegante. Dei tchau, virei as costas e fui embora.
Ele se virou pra ficar olhando pra mim e começou a piar. Será que estava me chamando?
O coitado estava no chão, meio atordoado. Fui pegar ele, pra que não ficasse no chão, pois viraria presa fácil, e não fez nada, só abriu o bico, como quem ia dar bicadas. Coloquei ele num galho de árvore e ainda fiquei um tempo batendo papo e acariciando (como que estivesse o acordando!). Fechou o bico e ficou menos ofegante. Dei tchau, virei as costas e fui embora.
Ele se virou pra ficar olhando pra mim e começou a piar. Será que estava me chamando?
O mais engraçado é que enquanto escrevia essas anotações dia-a-dia me lembrei que esqueci de fechar o saco de lixo e por pra fora ... as formigas vão fazer a festa com o miolo de pão!
Mas então, como fazer com a nova lata de milho que vai abrir agora? Simples. Pega um vidro de maiose, light, vazio e devidamente lavado e coloca o resto do milho que vc não usou dentro. Claro, vê se tampa ele antes de colocar na geladeira, senão vc vai ter um criatório de fungos transparente ...
O bom de morar sozinho, literalmente, sem niguém pra ajudar ou arrumar as coisas, te faz descobrir um monte de coisas e truques.
Por exemplo: nunca abra uma lata de ervilhas e milho em conserva e esqueça na geladeira por umas duas semanas. Senão ela vira um criatório de fungos impressionante.
Por exemplo: nunca abra uma lata de ervilhas e milho em conserva e esqueça na geladeira por umas duas semanas. Senão ela vira um criatório de fungos impressionante.
Rotina mudada: fui pra casa preparar almoço. Alface, tomate, milho, muzarela e tempero a gosto. O almoço está servido!
"Vida nova, não adianta se olhar pra trás. Pra frente é que se anda."
"Finda uma etapa, convém esquecer, pois não se pode viver de recordações, e começa tudo de novo."
" As etapas têm que ser vencidas uma a uma. Investir cada vez todo o seu sentimento, sua preocupação, sua dedicação, estregar-se completamente à manobra."
"Sinto-me as vezes cansado de ter que nadar contra a corrente, raciocinar fora dos trilhos traçados pelo sistema, mas é que não dá pra aceitar."
Essa é a frase que podemos aplicar em muitas situações ...
Essa é a frase que podemos aplicar em muitas situações ...
"Fácil é o que ficou pra trás. O que estrá pra frente eé sempre difícil."
Na noite passada retomei minhas leituras. Eu e Belov cruzando o Pacífico!
Duro foi acordar hoje com o puta frio que tava fazendo aqui em Morro ...
Noite calma. Depois de muitas, finalmente consegui dormir antes da 0:00 ... tá certo que fui deitar às 23:50, mas mesmo assim, antes da 0:00 ...
segunda-feira, junho 16, 2003
Será que pq algumas vezes, alguns momentos, aparentemente importates, não somos lembrados? Ou pode ser sinal de não somos tão importantes? Pelo menos como pensamos que somos ...
Pode também mostrar que não estamos sendo muito presentes ... ou muito quietos ...
Quem sabe é um sinal que as vezes é bom sair da concha de problemas que nos envolve vez ou outra pra respirar um pocuco junto com os amigos ...
Pode também mostrar que não estamos sendo muito presentes ... ou muito quietos ...
Quem sabe é um sinal que as vezes é bom sair da concha de problemas que nos envolve vez ou outra pra respirar um pocuco junto com os amigos ...
A madrugada do domingão foi inspirada ... benesses de um bom vinho!
domingo, junho 15, 2003
Tô sentindo que rolou muito "mas" ... mas quem vai editar o que foi colocado a medida que se ia escrevendo???
Uma resposta mencionada é relativa a um e-mail que mandei um tempo atrás pra poucas pessoas ... as respstas foram divididas dois grupos opostos. Os que admiraram e elogiaram, e dos que me repreenderam ...
É a narração de um fim de semana em Morro ... e conta as coisas que aprontei. Gostei muito dele, então fica registrado aqui.É longa, mas narra uma experiência inesquecível ...
"O fim de semana começa bem ... desde a sexta a noite. De praxe, reunião com donos de lancha, guias e donos de agência de turismo. Briga boa, todo mundo lavando roupa suja ... a discussão vai até as 10 da noite. Claro, fome grande, afinal o almoço foi rápido e cedo.
Vamos então tentar relaxar, comer uma pizza na Via Brasil, já que não dá pra ir na Forno a Lenha, pois a dona diz que eu a estou "perseguindo e desrespeitando", só por que ela resolveu colocar vasos de plantas na praça para delimitar qual a área de praça ela "pode" colocar mesas ... coisas do Morro.
Doce ilusão conseguir relaxar comendo pizza... afinal, como conseguiria, já que quem me convida é um dono de agência, que claro, quer falar sobre a reunião ... depois se juntam a nós alguns donos de pousadas e pra arrematar, um marinheiro. Conversa vai, conversa vem, o assunto chega enfim a falta de água em Morro. Pelo menos eu acho que agora vão me deixar quieto, já que sabem que a Prefeitura não tem nada a ver com isso. Outra ilusão que durou até alguém ter a feliz idéia de trazer água num "trator tanque" que subiria até a Vila. Claro que isso passa pela proibição de tratores na praia e na Vila. E solução que só criaria mais problemas, pois não tem a menor possibilidade de abastecer todo mundo, o que traria mais confusão e insatisfação de quem não recebeu água. Mas já é tarde, umas duas da matina, e ainda tenho que acordar cedo no sábado pra recepcionar uma galera de tv que vem fazer um programa sobre Morro.
Sábado, 8:30 da manhã, terminal de Morro, esperando a galera chegar. Sábado, 9:00 da manhã, terminal de Morro, esperando a galera chegar. Sábado, 9:30 da manhã, terminal de Morro esperando a galera chegar. Dá pra ficar o dia inteiro numa boa, se não fossem as pessoas que acham um absurdo pagar R$1,00 de Taxa de embarque, as piadinhas de vereador bebado, as confusões dos lacheiros, os palavrões dos educados "informantes" de turismo. Sábado, 10:30 da manhã, terminal de Morro, enfim chega a galera. Filma daqui, filma dali, vai até a pousada botar bateria pra carregar, eu e o camera no forte, acaba a bateria. Meia hora depois chega o reporter e o ajudante com as outras baterias. Filma forte, filma piscinas, filma reporter falando. Caminhada pro farol, batendo papo, falam que é ensaio, reporter com microfone na mão, eu soltando o verbo, termina a conversa, alguém fala "valeu", e foi tudo gravado, doingo que vem, depois do fantástico, "Bahia em Revista" eu falando bobagem ... tomara que eu não perca o emprego! Depois de passar o dia rodando com os caras, tomar um banho, deito finalmente na rede pra descansar um pouco. Cinco minutos depois, chega o vizinho, pagode alto rolando. Pelo menos depois de fingir que atendo o celular e falo alto que estou deitado na rede, o cara se toca e abaixa o volume. Mas aí já é hora de voltar pra rua, ver o movimento. Olha a galera da filmagem de novo, entrevista aqui, entrevista ali, filma aqui, filma alí. "E aí Carlos, vamos comer uma pizza???" Acho que deu pra ver o sorriso amarelo quando respondo "Vamos ...". Pelo menos a pizza acaba cedo, dá pra ir no restaurante do lado, ficar na sacada em cima do Foom, curtindo o sonzinho legal que ele faz com a viola, vendo o movimento e tomando um bom vinhozinho tinto. Só não foi 100% esse momento por que o vinho era argentino ... mas até que ele era bom!
Pessoas passando, amigos conversando, galera paquerando, casais apaixonados. Engraçado como fica mais forte a saudade dos conhecidos, dos amigos, dos camaradas, dos irmãos, da família, das paixões. É do que sinto mais falta. Falta aquela companhia, aquela galera fiel, que tá do lado incondcionalmente, que dá pra confiar. Sete meses em Morro, muitos conhecidos, um ou outro amigo, um meio camarada, muitas paixões, muitas decepções. Mais decepções com pessoas em sete meses do que em 26 anos. Deve ser por isso que os dias mais alegres por aqui são os dias em que tem alguém lá em casa. Aí só felicidade, só alegria. Tanto faz, só um camarada ou a casa entupida, como foi na virada do ano. O mais chato é a tristeza na volta pra casa, vazia, depois que todo mundo se foi. Uma taça pra mim, outra pro Foom. Se todos argentinos fossem assim, o mundo era outro. Grande figura, grande família. Um pouco de inveja e admiração por um cara que curtiu e curte muito a vida, e criou três filhos só vendendo pastel na praia de dia e a noite na praça, acompanhado da sua viola. Como é ótima companhia, e bom apreciador de vinho, lá vai uma taça lá pra baixo. Seca a garrafa. É tá na hora de ir embora, afinal, domingão é dia de acordar cedo pra mergulhar, e o mergulho de amanhã promete!
Domingo, 06:00 da manhã, terminal do Morro, na hora marcada, esperando a galera. As 06:40 embarcamos, seguindo pro norte. Galera nativa, eu, mais dois mergulhadores e três pescadores. Seis no total. Já tá parecendo estória de pescador. Navegamos quase duas horas até o local, no caminho, pesco dua sororocas e uma cavala na linha de arrasto, uma sororoca deve dar uns 2,5Kg, a segunda maior da pescaria. O resto da galera também tá pescando bem. Ficamos circulando numa área, e dá-lhe peixe. Até a hora que alguém começa a prestar atenção na água azul cristalina abixo do barco e comenta: "cara, dá pra ver os peixes passando!". Mergulhadores safos, olham pra água, se entre-olham e começam a arrumar as coisas pra cair dentro d´água. Tudo pronto, pula o primeiro, pula o segundo, pula o terceiro. Bóias na água, aí começa a curtição. Água cristalina, fundo incerto. Primeiro mergulho, descubro o mistério do fundo. Catorze metros de profundidade, fundo de cascalho fino e lodo. Fica uma lâmina de uns 30cm de água turva acima do fundo, por isso não dava pra enchergar. Fora essa faixa, água limpa até a superfície. Na meia água, sororocas e cavalas nadam tranquilamente. Incrível como me sinto a vontade, me sinto em casa. Fica difícil descrever a sensação, não sei qual a melhor, estar no mar ou estar apaixonado. Melhor as duas ao mesmo tempo. E por falar em tempo, tempo de tranquilidade, tempo de calma, tempo de não pensar em nada, de não se preocupar com nada, de fazer algo que gosto muito, de fazer algo que sei fazer bem. Tempo muito precioso.
Na correria pra cair na água, esqueço as luvas e o pior, a fieira. A luva menos mal, com a prática e experiência elas se tornam desnecessárias, já não me machuco mais pra segurar peixe ou lidar com o equipamento. Mas a fieira ... aonde colocar o peixe?? E como tem peixe! Algumas vezes não preciso nem mergulhar, dá pra dar um bom tiro da superfície mesmo! Mas por sorte, o barco está próximo, dá pra chamar e rápidamente já estou com tudo pronto, mas ainda sem as luvas. Agora sim, a brincadeira começa! Meia água, uns 7 metros, lá vem um grupo de umas cinco sororocas. Uma me interessa. Arbalete pronto, mira pronta; passa a primeira, passa a segunda, a terceira e finalmente ela. Tiro não tão certeiro, atrás da cabeça mas não no apagador, nem tão pouco pega a espinha. Êta briga bôa. Ela sai doida, brigando, tentanto fugir. Seguro firme a seda numa mão, arma na outra, vou subindo a superfície e puxando a presa. Ela parada, vem vindo suave. Antes de chegar na superfície, quase lá, outra tentativa, num estouro de energia, nada forte tentando ir pro fundo, claro, me puxa pra baixo um pouco. Puxaria mais, se não soltasse a seda (corda) e só segurasse a arma. É mais que suficiente pra chegar a superfície, afinal, só de laçada livre são 5 metros. Da superfície mesmo começo a puxá-la novamente, sem novas surpresas. Seguro o peixe com a mão esquerda, com a direita, faca no apagador. Momento mais chato, sentir o peixe estremecer na sua mão, perdendo a vida. Sororoca na fieira, do comprimento da minha perna. Mais que um palmo de largura. Mesma família da cavala e da barracuda. Peixe de passagem, predador, carnívoro. Boca cheia de dentes. Um tiro mal dado, segurando da forma errada, é garantia de uma morida. Fieira de náilon grosso, não vai aguentar os dentes afiados. Problemas a vista. Improviso. Tudo certo, vamos continuar. O difícil vai ser achar outra desse tamanho, mas vamos lá. Vem a segunda, a terceira, a quarta. Muitos tiros perdidos, tiros errados, muitas escapam. A boia comprida, inflável, antes na horizontal, agora com uma extremidade pra fora da água, pois a outra afunda com o peso dos peixes. Como sempre acontece alguma coisa, ao armar as borrachas no segundo estágio do arpão, pra mais força e tiro mais longo, não percebo a laçada em cima do engate do arpão, o que não permite fixar corretamente a terminação, então logo após soltar as borrachas elas escapam. Depois de quase hora e meia ou duas horas na água, pele fraca por tanto tempo imersa, não saio do ocorrido sem um corte realtivamente fundo e comprido na lateral do dedo anular, um outro buraco no dedão e pequenos cortes nos outros dedos, tudo isso na mão direita. A esquerda intacta. Agora senti falta da luva. Mas vamos continuar, ainda dá pra armar o arpão! Mais alguns tiros, e lá vem o barco, querendo ir pra outro lugar. Lá embaixo elas continuam passando calmas, como se eu não estivesse alí.
No barco, mão escorrendo sangue, só tem vinagre pra desinfetar. Ô dor boa! No caminho pro novo local, água, bananas e maçã. Segundo local, dentro d´água com luvas, roupa e nova fieira, de arame, agora não tem problema. Só o lugar que não ajuda muito. Água mais suja, devido a hora do dia, já chegou a viração, três ou quatro mergulhos pra conseguir ver algum peixe. Mesmo assim o resultado é bom, mais três, grandes. Não ficamos muito tempo, já cansados e pela hora. No caminho de volta, equipamento todo arrumado, começa a contabilidade: 56 sororocas e cavalas e dois bonitos pequenos. Ao chegar de volta pesagem: 63 kilos de peixes. Nada mal pra um domingo. Segundo a galera, recorde batido. Fazia tempo não rolava uma pescaria tão boa. Depois de tratar os peixes no barco mesmo, nada como chegar em casa, uma ducha (hoje infelizmente privilégio de poucos, devido a falta de água) e uma rede pra curtir o fim de tarde. Pensar nos amigos, nos irmão, na família, nas paixões. Onde estão? O que estão fazendo? Estão curtindo juntos? Pena não estarem aqui pra poder dividir esse momento. Até que o sono vem, de mansinho, junto com a brisa gostosa do finzinho de tarde, com o farol já aceso.
Engraçado, mas só acordo tarde da noite, com o celular tocando, galera me chamando. Tava todo mundo junto, se perderam, separaram, um sem o número do outro, outro sem o número de um, eu no meio da confusão, dando o número de um pro outro, e do outro pra um. Essa galera ...
Ainda vou dar uma volta na Vila, afinal, estava morrendo de fome. Foram seis banas e duas maçãs até então. Ponto de parada certo, pastel do Foom, pastel bom, som legal, pessoas passando, amigos conversando, galera paquerando, casais apaixonados ... e bate novamente a saudade ... e tem gente que não acredita quando digo que vou pra Salvador relaxar ... pelo menos tento!
Agora que estou vendo o tamanho do livro que escrevi, apesar da mão toda cortada e dolorida, vou pedindo desculpa aos mais atarefados, aos mais estressados, aos mais chatos que não gostam de parar pra ler, pois eu sou meio assim, sei como é. Mas foi um jeito de desabafar, de contar o que está acontecendo, dar um alô, de manter contato, de compartilhar algumas experiências com pessoas que gosto, de quem sinto falta.
Grande abraço a todos,
Cacau"
É a narração de um fim de semana em Morro ... e conta as coisas que aprontei. Gostei muito dele, então fica registrado aqui.É longa, mas narra uma experiência inesquecível ...
"O fim de semana começa bem ... desde a sexta a noite. De praxe, reunião com donos de lancha, guias e donos de agência de turismo. Briga boa, todo mundo lavando roupa suja ... a discussão vai até as 10 da noite. Claro, fome grande, afinal o almoço foi rápido e cedo.
Vamos então tentar relaxar, comer uma pizza na Via Brasil, já que não dá pra ir na Forno a Lenha, pois a dona diz que eu a estou "perseguindo e desrespeitando", só por que ela resolveu colocar vasos de plantas na praça para delimitar qual a área de praça ela "pode" colocar mesas ... coisas do Morro.
Doce ilusão conseguir relaxar comendo pizza... afinal, como conseguiria, já que quem me convida é um dono de agência, que claro, quer falar sobre a reunião ... depois se juntam a nós alguns donos de pousadas e pra arrematar, um marinheiro. Conversa vai, conversa vem, o assunto chega enfim a falta de água em Morro. Pelo menos eu acho que agora vão me deixar quieto, já que sabem que a Prefeitura não tem nada a ver com isso. Outra ilusão que durou até alguém ter a feliz idéia de trazer água num "trator tanque" que subiria até a Vila. Claro que isso passa pela proibição de tratores na praia e na Vila. E solução que só criaria mais problemas, pois não tem a menor possibilidade de abastecer todo mundo, o que traria mais confusão e insatisfação de quem não recebeu água. Mas já é tarde, umas duas da matina, e ainda tenho que acordar cedo no sábado pra recepcionar uma galera de tv que vem fazer um programa sobre Morro.
Sábado, 8:30 da manhã, terminal de Morro, esperando a galera chegar. Sábado, 9:00 da manhã, terminal de Morro, esperando a galera chegar. Sábado, 9:30 da manhã, terminal de Morro esperando a galera chegar. Dá pra ficar o dia inteiro numa boa, se não fossem as pessoas que acham um absurdo pagar R$1,00 de Taxa de embarque, as piadinhas de vereador bebado, as confusões dos lacheiros, os palavrões dos educados "informantes" de turismo. Sábado, 10:30 da manhã, terminal de Morro, enfim chega a galera. Filma daqui, filma dali, vai até a pousada botar bateria pra carregar, eu e o camera no forte, acaba a bateria. Meia hora depois chega o reporter e o ajudante com as outras baterias. Filma forte, filma piscinas, filma reporter falando. Caminhada pro farol, batendo papo, falam que é ensaio, reporter com microfone na mão, eu soltando o verbo, termina a conversa, alguém fala "valeu", e foi tudo gravado, doingo que vem, depois do fantástico, "Bahia em Revista" eu falando bobagem ... tomara que eu não perca o emprego! Depois de passar o dia rodando com os caras, tomar um banho, deito finalmente na rede pra descansar um pouco. Cinco minutos depois, chega o vizinho, pagode alto rolando. Pelo menos depois de fingir que atendo o celular e falo alto que estou deitado na rede, o cara se toca e abaixa o volume. Mas aí já é hora de voltar pra rua, ver o movimento. Olha a galera da filmagem de novo, entrevista aqui, entrevista ali, filma aqui, filma alí. "E aí Carlos, vamos comer uma pizza???" Acho que deu pra ver o sorriso amarelo quando respondo "Vamos ...". Pelo menos a pizza acaba cedo, dá pra ir no restaurante do lado, ficar na sacada em cima do Foom, curtindo o sonzinho legal que ele faz com a viola, vendo o movimento e tomando um bom vinhozinho tinto. Só não foi 100% esse momento por que o vinho era argentino ... mas até que ele era bom!
Pessoas passando, amigos conversando, galera paquerando, casais apaixonados. Engraçado como fica mais forte a saudade dos conhecidos, dos amigos, dos camaradas, dos irmãos, da família, das paixões. É do que sinto mais falta. Falta aquela companhia, aquela galera fiel, que tá do lado incondcionalmente, que dá pra confiar. Sete meses em Morro, muitos conhecidos, um ou outro amigo, um meio camarada, muitas paixões, muitas decepções. Mais decepções com pessoas em sete meses do que em 26 anos. Deve ser por isso que os dias mais alegres por aqui são os dias em que tem alguém lá em casa. Aí só felicidade, só alegria. Tanto faz, só um camarada ou a casa entupida, como foi na virada do ano. O mais chato é a tristeza na volta pra casa, vazia, depois que todo mundo se foi. Uma taça pra mim, outra pro Foom. Se todos argentinos fossem assim, o mundo era outro. Grande figura, grande família. Um pouco de inveja e admiração por um cara que curtiu e curte muito a vida, e criou três filhos só vendendo pastel na praia de dia e a noite na praça, acompanhado da sua viola. Como é ótima companhia, e bom apreciador de vinho, lá vai uma taça lá pra baixo. Seca a garrafa. É tá na hora de ir embora, afinal, domingão é dia de acordar cedo pra mergulhar, e o mergulho de amanhã promete!
Domingo, 06:00 da manhã, terminal do Morro, na hora marcada, esperando a galera. As 06:40 embarcamos, seguindo pro norte. Galera nativa, eu, mais dois mergulhadores e três pescadores. Seis no total. Já tá parecendo estória de pescador. Navegamos quase duas horas até o local, no caminho, pesco dua sororocas e uma cavala na linha de arrasto, uma sororoca deve dar uns 2,5Kg, a segunda maior da pescaria. O resto da galera também tá pescando bem. Ficamos circulando numa área, e dá-lhe peixe. Até a hora que alguém começa a prestar atenção na água azul cristalina abixo do barco e comenta: "cara, dá pra ver os peixes passando!". Mergulhadores safos, olham pra água, se entre-olham e começam a arrumar as coisas pra cair dentro d´água. Tudo pronto, pula o primeiro, pula o segundo, pula o terceiro. Bóias na água, aí começa a curtição. Água cristalina, fundo incerto. Primeiro mergulho, descubro o mistério do fundo. Catorze metros de profundidade, fundo de cascalho fino e lodo. Fica uma lâmina de uns 30cm de água turva acima do fundo, por isso não dava pra enchergar. Fora essa faixa, água limpa até a superfície. Na meia água, sororocas e cavalas nadam tranquilamente. Incrível como me sinto a vontade, me sinto em casa. Fica difícil descrever a sensação, não sei qual a melhor, estar no mar ou estar apaixonado. Melhor as duas ao mesmo tempo. E por falar em tempo, tempo de tranquilidade, tempo de calma, tempo de não pensar em nada, de não se preocupar com nada, de fazer algo que gosto muito, de fazer algo que sei fazer bem. Tempo muito precioso.
Na correria pra cair na água, esqueço as luvas e o pior, a fieira. A luva menos mal, com a prática e experiência elas se tornam desnecessárias, já não me machuco mais pra segurar peixe ou lidar com o equipamento. Mas a fieira ... aonde colocar o peixe?? E como tem peixe! Algumas vezes não preciso nem mergulhar, dá pra dar um bom tiro da superfície mesmo! Mas por sorte, o barco está próximo, dá pra chamar e rápidamente já estou com tudo pronto, mas ainda sem as luvas. Agora sim, a brincadeira começa! Meia água, uns 7 metros, lá vem um grupo de umas cinco sororocas. Uma me interessa. Arbalete pronto, mira pronta; passa a primeira, passa a segunda, a terceira e finalmente ela. Tiro não tão certeiro, atrás da cabeça mas não no apagador, nem tão pouco pega a espinha. Êta briga bôa. Ela sai doida, brigando, tentanto fugir. Seguro firme a seda numa mão, arma na outra, vou subindo a superfície e puxando a presa. Ela parada, vem vindo suave. Antes de chegar na superfície, quase lá, outra tentativa, num estouro de energia, nada forte tentando ir pro fundo, claro, me puxa pra baixo um pouco. Puxaria mais, se não soltasse a seda (corda) e só segurasse a arma. É mais que suficiente pra chegar a superfície, afinal, só de laçada livre são 5 metros. Da superfície mesmo começo a puxá-la novamente, sem novas surpresas. Seguro o peixe com a mão esquerda, com a direita, faca no apagador. Momento mais chato, sentir o peixe estremecer na sua mão, perdendo a vida. Sororoca na fieira, do comprimento da minha perna. Mais que um palmo de largura. Mesma família da cavala e da barracuda. Peixe de passagem, predador, carnívoro. Boca cheia de dentes. Um tiro mal dado, segurando da forma errada, é garantia de uma morida. Fieira de náilon grosso, não vai aguentar os dentes afiados. Problemas a vista. Improviso. Tudo certo, vamos continuar. O difícil vai ser achar outra desse tamanho, mas vamos lá. Vem a segunda, a terceira, a quarta. Muitos tiros perdidos, tiros errados, muitas escapam. A boia comprida, inflável, antes na horizontal, agora com uma extremidade pra fora da água, pois a outra afunda com o peso dos peixes. Como sempre acontece alguma coisa, ao armar as borrachas no segundo estágio do arpão, pra mais força e tiro mais longo, não percebo a laçada em cima do engate do arpão, o que não permite fixar corretamente a terminação, então logo após soltar as borrachas elas escapam. Depois de quase hora e meia ou duas horas na água, pele fraca por tanto tempo imersa, não saio do ocorrido sem um corte realtivamente fundo e comprido na lateral do dedo anular, um outro buraco no dedão e pequenos cortes nos outros dedos, tudo isso na mão direita. A esquerda intacta. Agora senti falta da luva. Mas vamos continuar, ainda dá pra armar o arpão! Mais alguns tiros, e lá vem o barco, querendo ir pra outro lugar. Lá embaixo elas continuam passando calmas, como se eu não estivesse alí.
No barco, mão escorrendo sangue, só tem vinagre pra desinfetar. Ô dor boa! No caminho pro novo local, água, bananas e maçã. Segundo local, dentro d´água com luvas, roupa e nova fieira, de arame, agora não tem problema. Só o lugar que não ajuda muito. Água mais suja, devido a hora do dia, já chegou a viração, três ou quatro mergulhos pra conseguir ver algum peixe. Mesmo assim o resultado é bom, mais três, grandes. Não ficamos muito tempo, já cansados e pela hora. No caminho de volta, equipamento todo arrumado, começa a contabilidade: 56 sororocas e cavalas e dois bonitos pequenos. Ao chegar de volta pesagem: 63 kilos de peixes. Nada mal pra um domingo. Segundo a galera, recorde batido. Fazia tempo não rolava uma pescaria tão boa. Depois de tratar os peixes no barco mesmo, nada como chegar em casa, uma ducha (hoje infelizmente privilégio de poucos, devido a falta de água) e uma rede pra curtir o fim de tarde. Pensar nos amigos, nos irmão, na família, nas paixões. Onde estão? O que estão fazendo? Estão curtindo juntos? Pena não estarem aqui pra poder dividir esse momento. Até que o sono vem, de mansinho, junto com a brisa gostosa do finzinho de tarde, com o farol já aceso.
Engraçado, mas só acordo tarde da noite, com o celular tocando, galera me chamando. Tava todo mundo junto, se perderam, separaram, um sem o número do outro, outro sem o número de um, eu no meio da confusão, dando o número de um pro outro, e do outro pra um. Essa galera ...
Ainda vou dar uma volta na Vila, afinal, estava morrendo de fome. Foram seis banas e duas maçãs até então. Ponto de parada certo, pastel do Foom, pastel bom, som legal, pessoas passando, amigos conversando, galera paquerando, casais apaixonados ... e bate novamente a saudade ... e tem gente que não acredita quando digo que vou pra Salvador relaxar ... pelo menos tento!
Agora que estou vendo o tamanho do livro que escrevi, apesar da mão toda cortada e dolorida, vou pedindo desculpa aos mais atarefados, aos mais estressados, aos mais chatos que não gostam de parar pra ler, pois eu sou meio assim, sei como é. Mas foi um jeito de desabafar, de contar o que está acontecendo, dar um alô, de manter contato, de compartilhar algumas experiências com pessoas que gosto, de quem sinto falta.
Grande abraço a todos,
Cacau"
" Você apareceu, do nada ... e vc mexeu d+ comigo ... "
Uma outra coisa é certa: ai que saudade .. pena que não em um certo alguém do meu lado ...
Alguém que foi lembrada por boa parte da noite ...
Mas uma coisa foi sacramentada nesses últimos dias: a necessidade de mudar, de aparar algumas bordas, algumas quinas.
Tô sentindo que esse vinho me deixou filosófico ... ou apenas proporcionou um momento ...
Na volta a Morro, mais momentos memoráveis ... e, por incrível que parece, ao mesmo tempo que algumas surpresas boas, decepções inesperadas, inpensáveis até ...
Mas assim é a vida, vamos seguindo, conhecendo pessoas e aprendendo. Sempre guardando o melhor de cada um. O pior, vai sendo incorporado, não praticado, mas assimilado para ser percebido em outras ocasiões ...
Mas assim é a vida, vamos seguindo, conhecendo pessoas e aprendendo. Sempre guardando o melhor de cada um. O pior, vai sendo incorporado, não praticado, mas assimilado para ser percebido em outras ocasiões ...
Mas alguém se destacou ... e proporcionou momentos muito especiais ... até inesquecíveis, pois serão sempre lembrados.
Reencontrei velhas amizades e novas amizades ... preparei pastel e bebi algumas com minha segunda família ...
Conheci pessoas antigas a fundo ... não por elas próprias, mas por outros. Num caso específico, decepção já esperada, de certa forma, confirmada.
Conheci pessoas antigas a fundo ... não por elas próprias, mas por outros. Num caso específico, decepção já esperada, de certa forma, confirmada.
Conheci muitas pessoas nessa semana ... da servente da academia de natação a advogada paulista de férias em Salvador ...
Durante a semana que passei em Salvador, muitas coisas interessantes aconteceram.
Fui pra fazer um curso, que de certa forma ajudei a acabar, uma vez que não estava cumprindo seu objetivo. Muitas pessoas insastifeitas, curso remanejado!
Mas aí vem o problema: novas datas são justamente no meio do feriado de São João, ou seja, não vou dançar muito Forró esse ano ...
Fui pra fazer um curso, que de certa forma ajudei a acabar, uma vez que não estava cumprindo seu objetivo. Muitas pessoas insastifeitas, curso remanejado!
Mas aí vem o problema: novas datas são justamente no meio do feriado de São João, ou seja, não vou dançar muito Forró esse ano ...
Vale pelo menos pensar que é sempre bom pensar nas coisas que vc acaba fazendo, analizá-las ... no fim, no mínimo, vc acaba aprendendo um pouco de sí ...
Se acaba se admirando, ótimo, descobriu uma novidade sobre vc ...
Se acaba se decepcionando, acabou de descobrir um defeito seu ... o que já um começo, um ponto de partida pra mudar ... ou não ...
Se acaba se admirando, ótimo, descobriu uma novidade sobre vc ...
Se acaba se decepcionando, acabou de descobrir um defeito seu ... o que já um começo, um ponto de partida pra mudar ... ou não ...
Mas será que em cada papel desse vc não acaba mostrando um pouco de sí?! Ou será que está apenas experimentando quem ou o quê vc realmente gostaria de ser?,
.. ou não aguenta estar apenas com vc ... por isso foge, e precisa estar com outras pessoas, pra interpretar algum papel casual, momentâneo ...
E se você não aguenta ficar sozinho, não sabe o que fazer, ou não tem estímulo ou motivação pra fazer alguma coisa ou qualquer coisa ... então vc não conhece a sí próprio ...
Você nunca está sozinho, por que está sempre acompanhado de você mesmo.
Nada melhor pra conhecer a você mesmo do que passar um tempo com você mesmo.
Mas também pensei muito em mim ... lembrei de um e-mail que a um tempo chegou pra mim ... ele dizia algo assim: "Meu chapa, cê vai levar uns safanões nazorelha ! (...) Essa fase hermitão que está passando é pra te engrandecer, te mostrar um mundo diferente, te preparar para enfrentar outras coisas. (...)"
Isso é parte de uma resposta ... mas faz parte de uma conclusão, ou melhor, várias conclusões as quais cheguei ...
Isso é parte de uma resposta ... mas faz parte de uma conclusão, ou melhor, várias conclusões as quais cheguei ...
Engraçado que, enquanto curtia essa cantoria, esse momento de relax, pensei um monte coisas ...
coisas a fazer, coisas a planejar, coisas ...
Pensei em alguém especial, em outras pessoas também ...
E a lua cheia, claro, ajudou ...
coisas a fazer, coisas a planejar, coisas ...
Pensei em alguém especial, em outras pessoas também ...
E a lua cheia, claro, ajudou ...
Eu e Foom ... tomando vinho, tocando violão e cantando, pra chamar gente pra comer pastel.
Claro que, cada pastel comido = sustento da família
Claro que, cada pastel comido = sustento da família
Entendeu???
Hoje tomei 02 (duas) garrafas de vinho ... na verdade, apenas uma ... vamos a matemática: 01 garrafa = 4 taças; duas pessoas tomando = 02 taças por garrafa; 02 garrafas, 04 taças cada ... então, uma garrafa pra mim!
me disseram uma vez: "amigos é a família que a gente escolhe"
Uma semana em Salvador .. na chegada, tenho que ouvir:" você fica chateado e indignido quando os outros são irresponsáveis, mas quando vc é, acha normal" ... e ainda vou tomar cervejas com os irresponsáveis ...
Fazer oquê ... são meus amigos ...
Fazer oquê ... são meus amigos ...
Tanto tempo sem escrever ... tanta coisa aconteceu ...
"Um total de 10 automóveis foram queimados no estacionamento do campo do Nets de Nova Jersey, o "Continental Airlines Arena", depois que o time local perdeu a quinta partida das finais da NBA contra o Spurs de San Antonio.
A Polícia disse que à noite houve uma ameaça de bomba no edifício do campo do Nets.
O Spurs derrotou por 98-93 o Nets na quinta partida da série disputada a melhor de sete, para coroar-se campeão da NBA.
A equipe de San Antonio, lidera a série 3-2, e deixa o Nets a uma derrota da eliminação."
Tem torcedor (e vandalo) em qualquer lugar do mundo ...
A Polícia disse que à noite houve uma ameaça de bomba no edifício do campo do Nets.
O Spurs derrotou por 98-93 o Nets na quinta partida da série disputada a melhor de sete, para coroar-se campeão da NBA.
A equipe de San Antonio, lidera a série 3-2, e deixa o Nets a uma derrota da eliminação."
Tem torcedor (e vandalo) em qualquer lugar do mundo ...